Para manter as vendas em alta, os empresários do setor apostam em novidades
Se reinventar com um produto já conhecido no mercado é muito difícil. E é isso o que acontece com o mercado de sorvete. Para manter as vendas em alta, os empresários do setor apostam em novidades.
O consumo de sorvete no Brasil ainda é pequeno comparado com o de outros países, segundo a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvete (Abis). A Nova Zelândia é o país que mais consome o produto: 28,3 litros por ano, por pessoa. Nos Estados Unidos, são 20,8 litros. No Brasil, que tem clima mais quente, a média por pessoa é de 5,4 litros por ano. “É a cultura do Brasil, se tá chovendo, ventou um pouquinho, a pessoa já diz ‘não vou tomar sorvete porque eu vou ficar gripado’. Mas você nunca vai ter uma gripe por causa do sorvete. São problemas culturais”, afirma Eduardo Weisberg, presidente da Abis.
Para vencer a barreira cultural, o fabricante quer mostrar para o consumidor que sorvete é um alimento, além de investir em qualidade, redução de custos e inovação. Para o presidente da Abis, ter uma boa apresentação, uma boa qualidade é o que diferencia do concorrente.
Em São Paulo, por exemplo, uma sorveteria que inaugurou em setembro do ano passado, surgiu com uma proposta inovadora: servir o sorvete em uma nuvem feita de algodão doce. “Ela é desenvolvida no Japão, é lúdico e fofo dentro de tendências de comida mais fofas. A gente juntou duas coisas que lembram a infância: a criança ama tomar sorvete e algodão doce era a casa de minha infância, de parques, festinhas que ia”, explica o empresário Manoel Lima.
Manoel morava em Londres quando teve a ideia de montar o negócio. Ele sempre trabalhou com marketing e na Inglaterra começou a estudar a fabricação de sorvetes. De volta ao Brasil, ele e os sócios Joice Cavalcante e Flavio Pereira investiram R$ 200 mil para abrir a primeira unidade da sorveteria.
O algodão doce tem uma receita que é segredo. Os sorvetes custam entre R$ 4 e R$ 20. São dois sabores fixos e dois variáveis. Tem também opção para veganos. O empresário não revela o faturamento, mas em um final de semana são vendidos, em média, 1200 sorvetes. Com o sucesso das vendas, a empresa já partiu para franquia e quer ter dez unidades até o final do ano.
O empresário Emerson Serandin também investiu no setor. Ele apostou em um sorvete com visual e preparo inusitados. A estratégia foi utilizar uma pedra a menos 20 graus. Ela deixa o sorvete mais cremoso e permite que o cliente faça uma infinidade de combinações, com 12 sabores e 30 opções de acompanhamentos. Os preços variam de R$ 3 a R$ 19,90.
Emerson trabalhava como consultor de empresas. Para entrar no mercado de sorvetes, fez cursos na Itália e nos Estados Unidos. A primeira unidade da sorveteria dele foi aberta em 2014, no interior de São Paulo, já no formato de franquia. O investimento para montar uma loja varia de R$ 150 mil a R$ 250 mil. O faturamento médio mensal é de R$ 45 mil. A rede já tem 80 unidades em todo o país.
“O empreendedor tem que inovar e precisa inovar mesmo em sorvete que é um mercado tradicional. Em dois a três meses a gente inova em sabor ou produto, então o empresário tem que ter o expertise dele em inovação”, explica Emerson.
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