A nutricionista Paloma Mannes, junto a uma equipe de nutricionistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), desenvolveu em seu Trabalho de Conclusão de Residência (TCR) no Hospital Universitário da UFSC um novo tipo de sorvete que, além de funcionar como um suplemento alimentar com alto valor nutritivo, alivia os sintomas da quimioterapia.

“O principal objetivo da criação desse produto é proporcionar aos pacientes o consumo de um alimento saboroso e nutritivo, que contemple não apenas a questão nutricional, pois ele tem alta densidade energética e é fonte de fibras e de proteínas, mas que também seja saboroso – considerando que durante o tratamento o paladar encontra-se alterado e são inúmeras as queixas de falta de apetite -, que contribua com a redução dos efeitos colaterais da quimioterapia e proporcione um tratamento mais humanizado”, explica Paloma.

Mas por que um sorvete? Paloma explica que um dos melhores tipos de alimentos para se aliviar sintomas da quimioterapia são os gelados, além de levar em conta estudos prévios que apontam que grande parte dos desejos alimentares de pacientes em processo de quimioterapia são suco, frutas e sorvete. Porém, este não é um sorvete convencional: em sua composição, encontra-se açúcar orgânico, poli dextrose (um tipo de fibra solúvel),  proteína isolada de soro de leite (whey protein) e  azeite de oliva sem sabor.

Pesquisadoras responsáveis pela criação do sorvete

“Podemos concluir que a escolha cuidadosa dos ingredientes tornou possível que desenvolvêssemos um produto de alto valor nutricional e com excelente aceitação pelo público, tanto o saudável quanto aquele em tratamento contra o câncer. Esse resultado está possivelmente associado ao fato de que sorvete faz parte de um repertório alimentar reconhecido e apreciado pela população. Por isso, ele representa uma possibilidade terapêutica promissora, tanto na prevenção como na recuperação do estado nutricional de indivíduos doentes, e também para a população em geral que prefere uma versão saudável do produto.” diz Francielle, uma das pesquisadoras da equipe.

Marcella Cunha foi diagnosticada com um linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer, e teve de passar por quimioterapia. Ela conta que consumia o sorvete no hospital e continua a consumir em casa agora.  “O sorvete é muito gostoso, refrescante, alivia as minhas dores e irritações no sistema digestivo, é nutritivo e me causa muito prazer ao enfrentar momentos de mal estar geral”, diz.

Diagnóstico de linfoma de Hodgkin

“Por ser um suplemento alimentar, me ajuda a não perder peso e a vencer a fraqueza, pois muitas vezes não consigo me alimentar, por causa do inchaço na garganta e das irritações estomacais. O sorvete é um grande alívio, além de ser um excelente alimento. É muito bom saber que existem profissionais que se preocupam com o nosso bem estar na luta contra o câncer, que não é fácil e vem acompanhada de muitos desafios. Por isso, traz grande conforto ver tamanho carinho dos especialistas envolvidos em nos ajudar nessa fase difícil por que estamos passando.” conta Marcella.

Com certeza este sorvete é um grande avanço em relação a métodos de diminuírem os efeitos colaterais da quimioterapia, que incluem náuseas, vômitos, feridas na boca, aftas, mucosite (lesões na mucosa) e a sensação de boca seca e que são tão incômodos. Ele foi criado em 2017 e encontra-se disponível em alguns hospitais como auxiliar no tratamento contra o câncer.

Fonte: BBC Brasil

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